40 Anos de Zapatismo e a Nova Batalha pela Vida em Chiapas
O EZLN dissolve sua aclamada estrutura autônoma em meio a uma guerra de cartéis e ao avanço dos megaprojetos. O que dizem seus novos comunicados e, mais importante, o que eles calam.
O Prólogo: O Que Diz o Lobo (O Fim do Silêncio)
Durante mais de uma década, um silêncio tático e denso envolveu as montanhas do sudeste mexicano. O Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), a guerrilha que surpreendeu o mundo no primeiro dia de 1994 com uma declaração de guerra contra o Estado mexicano e o neoliberalismo 1, havia retornado ao seu hermetismo característico. Após a traição dos Acordos de San Andrés pelo Estado 4 e a massiva “Marcha da Cor da Terra” em 2001 7, os zapatistas voltaram-se para dentro, focando na construção de sua autonomia de fato.7

Suas aparições públicas tornaram-se raras, limitando-se a comunicados esporádicos e altamente simbólicos em seu site, Enlace Zapatista, ou a eventos pontuais que perfuravam o cerco midiático. Em 2015, realizaram o seminário internacional “O Pensamento Crítico Diante da Hidra Capitalista”.11 Dois anos depois, em 2017, numa ação política disruptiva, o EZLN e o Congresso Nacional Indígena (CNI) apoiaram a candidatura independente de María de Jesús Patricio Martínez, “Marichuy”, às eleições presidenciais de 2018, vencidas por Andrés Manuel López Obrador.11 Não era uma tentativa de ganhar o poder, mas de usar a eleição como plataforma para denunciar a exclusão dos povos originários.13 Em 2021, quando se completaram 500 anos da queda de Tenochtitlán, uma delegação zapatista partiu para a Europa num veleiro chamado “La Montaña”, realizando uma “conquista ao inverso” que buscava semear o velho continente com ideias e aprendizados, em vez de extrair morte e saques.11
Além dessas raras exceções, a discrição extrema tornou-se a norma. Este silêncio, no entanto, nunca foi sinônimo de passividade ou irrelevância. Como alertou seu porta-voz mais conhecido, o enigmático líder encapuzado agora conhecido como Capitão Insurgente Marcos (anteriormente Subcomandante Galeano, e mundialmente famoso como Subcomandante Marcos), “Sempre é mais o que calamos do que o que dizemos”.11
Em outubro de 2023, esse silêncio calculado foi rompido. Coincidindo com o 40º aniversário de sua fundação secreta na Selva Lacandona (17 de novembro de 1983) 11 e o iminente 30º aniversário do seu levante público (1º de janeiro de 1994) 11, um murmúrio tomou forma. Em pouco mais de dois meses, 19 comunicados foram emitidos.11 Esta atividade midiática incomum, quase febril para os padrões zapatistas, sinalizou “ventos de mudança” e um prólogo para uma nova época.11 O zapatismo, como o próprio Marcos escreveu, não esteve ocioso nem recuou diante do avanço do crime organizado, como especulava a imprensa.11


Seu silêncio foi um “esforço para enxergar mais longe e buscar o que todos e todas buscam: uma saída do pesadelo”.11 O primeiro murmúrio não foi uma proclamação militar, mas um gesto poético. O primeiro comunicado da nova série não foi um ultimato, mas um poema: “Los motivos del lobo” (Os motivos do lobo), do poeta nicaraguense Rubén Darío, datado de 1913.11 A escolha é uma alegoria política precisa e amarga. O poema narra o encontro de São Francisco de Assis com um lobo “terrível” que aterrorizava a aldeia de Gubbio.20 Francisco, com sua “doce voz”, confronta o lobo e o domestica, fazendo-o prometer paz em troca de alimento.20 O lobo concorda e vive em harmonia com os humanos. No entanto, o lobo rapidamente observa a inveja, a ganância, a mentira e a violência incessante dos homens “maus” que pregavam a santidade.18 Horrorizado, o lobo quebra a paz, mata e foge. Quando Francisco o encontra novamente para repreendê-lo, o lobo dá sua resposta final: “Irmão Francisco, não me diga nada… Em o homem existe má levedura… Deixe-me na montanha, deixe-me no risco, deixe-me existir na minha liberdade, vá para o seu convento… siga seu caminho e sua santidade”.18
A mensagem política desta alegoria é inequívoca. O “lobo” é o EZLN, a guerrilha que “desceu” da montanha em 1994. São Francisco é a sociedade civil e os intermediários que pediram o diálogo.20 Os “humanos” da aldeia são o Estado mexicano. O lobo zapatista tentou a paz com os “humanos” através do diálogo e dos Acordos de San Andrés em 1996, que reconheciam a autonomia indígena.4 O Estado, no entanto, traiu o acordo 4 e continuou sua guerra de contrainsurgência.22 Agora, décadas depois, horrorizado pelo “pesadelo” da violência capitalista — a guerra de cartéis, a corrupção estatal, a lógica predatória dos megaprojetos 11 — o lobo zapatista abandona qualquer pretensão de diálogo com a “civilização” corrupta. Ele retorna à “montanha” 18, à sua autonomia radical e entrincheirada, rejeitando o “caminho” e a “santidade” hipócrita do Estado.22

Seguiu-se uma segunda alegoria, desta vez de origem maia, narrada por Marcos no oitavo comunicado.11 É a lenda de Ixmucané, a deusa-mãe. Numa era primordial, “a luz se apagou, e o mundo ficou na escuridão”.11 Os deuses, descritos por Marcos como “fanfarrões”, discursavam e debatiam entre si, mas não encontravam solução para religar a luz.11 A deusa-mãe, Ixmucané, em vez de discursar, decidiu fazer algo revolucionário: ouvir.11 Ela convocou as “pessoas de milho” (as bases, o povo, as comunidades) para uma “espécie de assembleia primordial”.11 A solução foi encontrada, não por um decreto divino, mas “em comum”.11 Como diz a lenda, “alguns dando ideias, outros propondo outras, e há quem dê a palavra e quem faça anotações do que é dito”.11
Esta fábula não é apenas um conto folclórico; é a planta filosófica da nova estratégia zapatista. Contrapõe a política falha, hierárquica e masculina dos “deuses fanfarrões” (a classe política, talvez até mesmo suas próprias Juntas de Bom Governo que se burocratizaram 23) com a sabedoria coletiva, feminina e de base de “Ixmucané” (as assembleias locais, as mulheres, a comunidade).11 É um anúncio claro de que o futuro do zapatismo reside num aprofundamento radical da sua democracia de baixo para cima, com um “maior peso das mulheres zapatistas” na tomada de decisões.11
Para selar essa transição do simbólico para o prático, Marcos anunciou sua “segunda morte simbólica”.11 Em 2014, ele já havia “matado” o personagem “Subcomandante Marcos” para se renomear “Subcomandante Galeano” (em homenagem a José Luis Solís López, “Galeano”, um professor zapatista assassinado por paramilitares).11 Esse primeiro ato foi um esforço para passar a liderança militar e midiática para um comandante indígena, o Subcomandante Moisés.27 Esta segunda “morte” em 2023, onde ele rebaixa seu título para “Capitão Insurgente Marcos”, aprofunda o gesto.11

É a remoção final do “personalismo” — uma crítica frequente ao movimento, que se focava excessivamente na figura do porta-voz mestiço e mascarado.30 O objetivo é forçar o mundo a parar de procurar um líder carismático 30 e, em vez disso, olhar para o processo coletivo que a lenda de Ixmucané descreve: a assembleia, o “em comum”.11
A imprensa, incapaz de compreender essa profundidade, reagiu com interpretações “infelizes”, sugerindo que as mudanças estruturais eram uma “derrota”, um “recuo” ou o desaparecimento do EZLN diante do crime organizado.11 Alguns veículos foram além, falando de uma perda de identidade indígena diante da hegemonia cultural dos “corridos tumbados” (um gênero musical popular mexicano).11 Marcos reagiu com seu humor ácido característico.
“Agora só falta que as jovens indígenas usem calças ou, horror!, joguem futebol e dirijam veículos… Até mesmo que se atrevam a dançar cúmbia e ska… E que, como outro sinal da perda de sua identidade indígena, cheguem ao absurdo de serem subcomandantes, comandantes e comandantas! E que governem a si mesmos”.11
O Pesadelo: Chiapas “À Beira da Guerra Civil”
Os novos comunicados e a reorganização estrutural do EZLN não são exercícios filosóficos abstratos. São uma resposta direta e desesperada a uma realidade brutal: o colapso da segurança e da ordem civil em Chiapas. O “pesadelo” que Marcos mencionou 11 é tangível, imediato e letal. Em comunicados subsequentes, o próprio EZLN, através do Subcomandante Moisés, descreveu o estado como estando em “completo caos” 33 e, de forma contundente, “à beira de uma guerra civil”.11
A violência que assola Chiapas hoje é diferente e mais complexa do que a guerra de contrainsurgência de baixa intensidade dos anos 90 e 2000.9 Embora essa violência persista, ela foi sobreposta, acelerada e exponenciada por uma guerra aberta entre os dois maiores sindicatos criminosos transnacionais do México: o Cartel de Sinaloa (CDS) e o Cartel Jalisco Nueva Generación (CJNG).37 Estas organizações, com poder de fogo militar, disputam ferozmente o controle das rotas estratégicas ao longo da fronteira sul do México com a Guatemala.33 Chiapas é a porta de entrada para o tráfico de drogas, armas e, crucialmente, de migrantes que vêm da América Central e do Sul.22 O resultado é a desintegração da vida civil. A população, indígena e camponesa em sua maioria, está presa no fogo cruzado.

A vida cotidiana é definida por bloqueios de estradas, tiroteios em plena luz do dia, sequestros em massa, extorsão (o “cobro de piso”), o recrutamento forçado de jovens (que são obrigados a escolher um lado ou serem mortos) e o deslocamento forçado de milhares de pessoas que fogem de suas casas.25
O EZLN denuncia que as autoridades civis são uma ficção. As prefeituras municipais, de cidades turísticas como San Cristóbal de las Casas, ou cidades fronteiriças como Comitán, Las Margaritas e Palenque, não são mais governadas por políticos, mas estão “ocupadas por ‘assassinos legais’ ou ‘crime desorganizado'”.33 A autoridade estatal é, na melhor das hipóteses, inútil, e na pior, cúmplice ativa, entregando o território em troca de subornos.33 “Pedir às autoridades é inútil”, escreve Moisés, “porque são elas que cometem os crimes”.33
Neste novo cenário de caos, os velhos atores da contrainsurgência dos anos 90 não desapareceram; eles se adaptaram e se aliaram. Grupos paramilitares, muitos formados e financiados pelo Estado mexicano nas décadas passadas com o objetivo explícito de combater o zapatismo e criar uma “guerra suja” 9, continuam ativos. Um dos mais notórios e agressivos é a Organização Regional de Produtores de Café de Ocosingo (Orcao).11 Este grupo, que age sob a fachada de uma cooperativa de café 11, tem realizado ataques sistemáticos e armados contra comunidades zapatistas para roubar as terras recuperadas pelo EZLN.43

Em 22 de maio de 2023, um ataque da Orcao à comunidade autônoma zapatista de Moisés Gandhi — uma comunidade estabelecida em terras recuperadas dos latifundiários — deixou o promotor de saúde zapatista (agente de saúde comunitário) Jorge López Santíz gravemente ferido por um tiro no peito.11 Este evento não foi isolado, mas a culminação de anos de assédio.23 Foi um catalisador. O EZLN e o Congresso Nacional Indígena emitiram um ultimato e uma denúncia internacional, acusando o governo de Andrés Manuel López Obrador de cumplicidade silenciosa e de incentivar esses grupos.43 A declaração foi clara: “Exigimos que o silêncio de López Obrador deixe de ser cúmplice da violência em Chiapas”.43
Aqui reside a complexa e mortal realidade tática do EZLN. Eles estão presos num fogo cruzado triplo. De um lado, os grandes cartéis (CDS e CJNG), que veem os territórios autônomos zapatistas como um obstáculo estratégico. As comunidades zapatistas proíbem explicitamente o cultivo, o tráfico e o consumo de drogas e álcool 33, tornando suas terras “barreiras” inconvenientes para os planos de expansão territorial e logística do crime organizado.38 Do outro lado, os paramilitares locais (como a Orcao) e os latifundiários continuam sua guerra histórica para roubar as terras recuperadas pelos zapatistas após o levante de 1994.11 E, supervisionando tudo, está um governo federal que o EZLN acusa de cumplicidade ativa através da inação, do silêncio e de uma política de militarização que serve apenas para proteger interesses econômicos, não pessoas.35
A Crítica ao “Capataz”: Zapatismo vs. Governo AMLO
O principal arquiteto político desse “pesadelo”, na visão zapatista, não é (apenas) o crime organizado, mas o próprio governo federal de Andrés Manuel López Obrador (AMLO). Desde o início, o EZLN manteve uma distância crítica e inflexível do projeto de AMLO, o Movimento de Regeneração Nacional (MORENA). Enquanto grande parte da esquerda internacional e mexicana celebrava a eleição de AMLO em 2018 como um triunfo progressista histórico, o fim de décadas de neoliberalismo, os zapatistas viam exatamente o oposto.

A crítica zapatista não é superficial; é fundamentalmente ideológica e histórica. Já em 2005, durante “A Outra Campanha”, eles caracterizaram o projeto político de AMLO, então no PRD, como sendo de “centro”, ou seja, de “direita moderada”.46 Em 2018, após a vitória esmagadora de AMLO, o então Subcomandante Galeano (Marcos) foi mais direto, afirmando que, embora MORENA tenha vencido, foi a “opção mais à direita” que triunfou.46
A razão para essa análise contraintuitiva é que o EZLN avalia governos não pela sua retórica “progressista” ou “de esquerda”, mas por sua relação estrutural com o capital e os territórios indígenas. Na análise zapatista, o obradorismo simplesmente atualizou o liberalismo mexicano do século XIX de Benito Juárez 46: ele usa uma “imagem propagandística de ‘esquerda'” para o consumo internacional e para pacificar a oposição interna, enquanto, na prática, adota a “postura liberal que favorece a agressão aos territórios indígenas”.46 O governo AMLO, para o EZLN, não é um aliado; é um administrador mais eficiente dos interesses do capital. O Subcomandante Moisés, o atual porta-voz militar e líder indígena, resumiu essa relação de forma contundente e inesquecível, rotulando AMLO de “capataz” (o gerente da fazenda) que serve ao verdadeiro “patrão: o capital”.48
Esse conflito abstrato se materializa de forma muito concreta no solo de Chiapas através dos megaprojetos de infraestrutura de AMLO, que são a peça central de seu plano de desenvolvimento para o sul do México. O mais controverso e simbólico é o Tren Maya, um projeto ferroviário turístico e de carga que corta a Península de Yucatán e territórios indígenas, incluindo Chiapas.11

Onde o governo vê progresso e desenvolvimento, o EZLN vê uma “lógica predatória” 11 e a ponta de lança de um novo “colonialismo interno”.46 Eles denunciam que o trem não é para os povos locais, mas para o capital transnacional. Seu objetivo, dizem eles, é facilitar o saque de recursos naturais (água, madeira, minerais) 50, promover a especulação imobiliária em terras comunais, deslocar comunidades indígenas que estão no caminho e, fundamentalmente, entregar o território ao controle logístico e militar do Estado.40 O EZLN foi claro e inequívoco em sua oposição: eles não permitirão o projeto em suas terras e defenderão seu território “com a vida, se necessário”.48
A prova definitiva da visão zapatista sobre a “Hidra Capitalista” — a fusão indissolúvel do Estado, do Capital e do Exército — veio de uma fonte improvável: o próprio exército mexicano. Em 2022, um vazamento massivo de e-mails da Secretaria de Defesa Nacional (SEDENA), obtido pelo grupo de hackers “Guacamaya”, revelou uma “obsessão” militar em vigiar o EZLN.35
Os documentos vazados, que cobrem o período do governo AMLO, mostram que a inteligência militar não está focada em combater os cartéis que estão mergulhando Chiapas na violência.40 Em vez disso, ela dedica recursos significativos, com “acompanhamento próximo e detalhado”, para espionar os zapatistas.50 Os relatórios incluem fichas detalhadas de eventos, descrições de líderes, fotografias de apoiadores e diagnósticos sobre o futuro do grupo.50
A justificação explícita para essa vigilância, encontrada num documento da SEDENA intitulado “Posição do EZLN sobre a construção do Tren Maya”, é a postura de rejeição do grupo aos megaprojetos.50 Os vazamentos confirmam a tese zapatista: o “aumento da militarização” em Chiapas sob AMLO 11 não teve como objetivo proteger a população civil do crime organizado. Seu objetivo primordial era proteger os investimentos de capital (o Tren Maya) e reprimir a dissidência indígena (o EZLN) que se opõe a eles.40 O Estado cria o “caos” e a militarização 33, e nesse caos, o crime organizado prospera 38, enquanto os verdadeiros defensores do território são vigiados como inimigos do Estado.
A Resposta Estratégica: A Morte das Juntas e o Nascimento dos GALs
Diante desta confluência mortal de crises — a “guerra civil” dos cartéis 11, a agressão paramilitar da Orcao 11 e o cerco estatal dos megaprojetos 40 — a resposta zapatista foi anunciada no final de 2023. Foi o comunicado mais chocante e pragmaticamente revolucionário da série: a dissolução imediata dos Municípios Autônomos Rebeldes Zapatistas (MAREZ) e das Juntas de Bom Governo (JBG).11

Para observadores externos, a decisão pareceu um suicídio político, uma admissão de derrota. Os MAREZ e as JBG, criados unilateralmente em 2003 após a traição estatal dos Acordos de San Andrés 20, eram a joia da coroa do zapatismo. Eram a prova viva, celebrada mundialmente, de que “um outro mundo é possível”. Durante 20 anos, essa estrutura administrou seus próprios sistemas de saúde (clínicas), educação (escolas primárias e secundárias autônomas), justiça (baseada em usos e costumes) e economia (cooperativas de café) 33, tudo baseado no princípio radical do “Mandar Obedecendo”.33
No entanto, o comunicado do Subcomandante Moisés explicou que a decisão foi tomada após dez anos de “profunda análise crítica e autocrítica” 33, sendo que os últimos três anos foram dedicados a preparar a transição.33
A autocrítica interna, mencionada em entrevistas e análises 24, era que a estrutura, embora revolucionária em 2003, havia se tornado “piramidal”.23 Com o tempo, as JBG e os MAREZ — as autoridades civis regionais que ficavam nos centros regionais chamados “Caracóis” — “já não eram funcionais”.23 Elas haviam se distanciado das bases comunitárias que deveriam servir.23 Em vez de o povo mandar e o governo obedecer, uma nova burocracia revolucionária, embora bem-intencionada e rotativa, estava se formando.24 A estrutura estava se tornando um fim em si mesma, uma repetição da lógica dos “deuses fanfarrões” da lenda de Ixmucané.11
Essa autocrítica filosófica interna convergiu perfeitamente com a necessidade estratégica externa. Numa zona de “guerra civil” caótica 11, com múltiplos atores armados (cartéis, paramilitares, exército) tentando assassinar, infiltrar ou cooptar lideranças 33, uma estrutura “piramidal” com pontos de poder centralizados (as 12 Juntas de Bom Governo) é um passivo tático. As JBG eram alvos visíveis, “cabeças” que podiam ser cortadas para paralisar o movimento.
A solução zapatista foi uma manobra de contrainsurgência genial. Em vez de uma fortaleza centralizada, eles optaram por uma “guerrilha de governança”. Eles dissolveram as Juntas (as “cabeças” regionais visíveis) e atomizaram o poder, devolvendo-o inteiramente à sua origem: a assembleia de cada aldeia. É a aplicação literal da fábula de Ixmucané: o poder foi tirado dos “deuses fanfarrões” (as Juntas) e devolvido às “pessoas de milho” (as assembleias locais).11
Esta é a nova estrutura da autonomia zapatista, detalhada nos comunicados de novembro de 2023 28:
- Governo Autônomo Local (GAL): Esta é agora a “base principal” e o “núcleo de toda a autonomia”.50 Existe um GAL em cada comunidade, bairro, ranchería, ejido ou colônia onde habitam as bases de apoio zapatistas.28 Onde antes havia algumas dezenas de MAREZ (municípios), agora existem “milhares” de GALs.50 Cada GAL é coordenado por “agentes e comissários autônomos” 31 e está sujeito apenas à sua assembleia local.28 O GAL controla diretamente seus recursos locais, como escolas e clínicas, a relação com povos não-zapatistas vizinhos e tem a tarefa de detectar e denunciar corrupção ou má administração.31
- Coletivos de Governos Autônomos Zapatistas (CGAZ): Este é o nível de coordenação regional. Vários GALs se reúnem para formar um CGAZ de acordo com suas necessidades, problemas e avanços comuns (por exemplo, administrar um hospital regional, um sistema de justiça ou um projeto de agroecologia).31 Onde antes havia 12 Juntas de Bom Governo (JBG), agora haverá “centenas” de CGAZs.50 O CGAZ não é uma autoridade; é um órgão de coordenação que responde aos GALs.31 Ele convoca assembleias das autoridades de cada GAL para propor, discutir e aprovar (ou rejeitar) planos regionais.31
- Assembleias de Coletivos de Governos Autônomos ZAPATISTAS (ACGAZ): Este é o nível mais alto, equivalente às antigas “zonas” ou “Caracóis”.50 O comunicado é explícito: elas “não têm autoridade própria”.50 Elas dependem inteiramente dos CGAZ e, por sua vez, dos GALs.31 Sua função é “prestar contas aos povos” e coordenar, não mandar.31 Suas sedes são nos Caracóis, mas elas são “móveis”, movendo-se entre as regiões para atender às demandas.31
A mudança é radical e representa um aprofundamento da democracia direta.31 O poder não flui mais das comunidades para as Juntas e de volta; ele agora reside permanentemente na comunidade (no GAL).31 Esta nova estrutura de rede (ou “enxame”) torna a autonomia zapatista incrivelmente resiliente. É impossível decapitar um movimento que tem “milhares” de centros de poder independentes, mas coordenados, no nível da aldeia.50 É a resposta tática perfeita para a “guerra civil” 11 e a resposta filosófica perfeita à autocrítica da “pirâmide”.23
Fundações: A História que Explica o Presente
Para entender a radicalidade da dissolução das JBG e da criação dos GALs, é preciso entender por que o EZLN desconfia fundamentalmente do poder centralizado. Sua história não começa em 1994, mas é uma lição de 500 anos de resistência, culminando numa traição moderna que definiu sua trajetória.8

O EZLN foi fundado em segredo absoluto em 17 de novembro de 1983, por um pequeno grupo de guerrilheiros marxistas-leninistas urbanos (mestiços) que foram para a Selva Lacandona com o objetivo clássico de formar um exército camponês para tomar o poder do Estado.11 No entanto, como eles próprios admitem, ocorreu o inverso. Durante dez anos de trabalho clandestino, as comunidades indígenas maias (Tzeltal, Tzotzil, Chol, Tojolabal) 24, com sua profunda história de resistência anticolonial, sua teologia da libertação e sua cosmologia de democracia comunitária 57, “converteram” os guerrilheiros urbanos.3
O resultado foi o “Neozapatismo”, uma ideologia política única no mundo, uma fusão sincrética que combina o zapatismo histórico de Emiliano Zapata (a luta pela terra e liberdade) 57, o socialismo libertário, o marxismo autônomo e a cosmologia maia.1

O levante de 1º de janeiro de 1994, não foi escolhido ao acaso.7 Foi o dia exato em que o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), ou TLCAN, entrou em vigor.11 Para o governo de Carlos Salinas de Gortari, o NAFTA era o ingresso do México no “Primeiro Mundo”.67 Para os zapatistas, era uma “sentença de morte” para os povos indígenas.67 A razão era específica: para viabilizar o NAFTA, o governo havia reformado o Artigo 27 da Constituição mexicana, que protegia os ejidos (terras comunais) da privatização.24 A reforma abriu as terras comunais, a base da sobrevivência indígena, à venda e à especulação do capital estrangeiro.24 O levante do EZLN, ocupando San Cristóbal de las Casas e outras seis sedes municipais 11, foi o primeiro “¡Ya Basta!” (Já Basta!) global contra a hegemonia do neoliberalismo.67 Sua Primeira Declaração da Selva Lacandona era clara: exigiam “trabalho, terra, teto, alimentação, saúde, educação, independência, liberdade, democracia, justiça e paz”.7
Após 12 dias de combates intensos, o governo, chocado com a resposta pública e internacional que simpatizava com os rebeldes 7, declarou um cessar-fogo.20 Seguiram-se anos de diálogo tenso. O ponto central desse diálogo foi a filosofia zapatista, que difere de todas as guerrilhas marxistas do século XX: o EZLN não queria tomar o poder do Estado.7 Seu objetivo, nas palavras imortais de Marcos, era “apenas algo mais difícil: um mundo novo”.1
A filosofia do “Neozapatismo” é construída “desde abajo y a la izquierda” (de baixo e à esquerda).10 Seu pilar ético-político é o “Mandar Obedecendo” ($Mandar\ Obedeciendo$).7 Este princípio é a antítese da democracia representativa liberal. Em vez de o povo eleger políticos para tomar decisões por eles, no sistema zapatista, o povo (a assembleia comunitária) toma as decisões (o “povo manda”), e as autoridades — que são rotativas, revogáveis a qualquer momento e não recebem salário pelo seu serviço 33 — têm apenas um dever: executar essas decisões (o “governo obedece”).33 As placas na entrada de seus territórios resumem esta filosofia: “Está usted en territorio zapatista. Aqui el pueblo manda y el gobierno obedece” (Você está em território zapatista. Aqui o povo manda e o governo obedece).33 Este princípio se baseia em sete regras de conduta para as autoridades: 1. Servir e não se servir; 2. Representar e não suplantar; 3. Construir e não destruir; 4. Obedecer e não mandar; 5. Propor e não impor; 6. Convencer e não vencer; 7. Baixar e não subir.44

Essa filosofia deveria ter sido consagrada em lei. Em 16 de fevereiro de 1996, o EZLN e o governo federal mexicano assinaram os Acordos de San Andrés.4 Esses acordos históricos, assinados pelo governo de Ernesto Zedillo, comprometiam o Estado a reformar a Constituição para reconhecer formalmente os direitos e a autonomia (autogoverno, território, cultura, justiça) dos povos indígenas.7 O EZLN cumpriu sua parte e se preparou para a paz.
O governo, no entanto, traiu o acordo. Após assinar, Zedillo e o Congresso se recusaram a enviar a proposta acordada.4 Em vez disso, anos depois, promoveram uma reforma constitucional cosmética que esvaziava o conceito de autonomia e o tornava letra morta.20 Para o bispo Raúl Vera López, que foi mediador, essa traição foi o sinal claro de que a classe política estava “preparando a venda da Nação” para interesses privados e que não tinha intenção de honrar pactos sociais.4

Essa traição definiu o zapatismo moderno. O EZLN aprendeu da forma mais dura que o Estado nunca cumpre sua palavra.4 Eles cortaram todo o diálogo com a classe política.50 Se o Estado não reconheceria sua autonomia, eles a construiriam sozinhos, de fato. Em 2003, eles anunciaram a criação unilateral dos MAREZ e das Juntas de Bom Governo.20 A traição de San Andrés é a razão pela qual eles nunca viram AMLO como uma esperança, mas apenas como a mais uma máscara do mesmo Estado traidor.46 E é por isso que sua nova estratégia (os GALs) aprofunda a autonomia, afastando-se ainda mais de qualquer dependência, diálogo ou ilusão sobre o poder estatal.50
A Revolução Dentro da Revolução: O Motor Feminino Zapatista
É impossível compreender a filosofia de Ixmucané (a deusa-mãe que ouve) 11 ou a resiliência do zapatismo sem analisar seu componente mais radical e, talvez, sua maior conquista interna: a revolução das mulheres. O levante de 1994 foi, na verdade, duas revoluções simultâneas: uma contra o Estado neoliberal e outra, igualmente feroz, contra o patriarcado dentro das próprias comunidades indígenas.57
Antes do levante público de 1994, as mulheres indígenas zapatistas, lideradas por figuras lendárias como a Comandanta Ramona 1, forçaram a liderança (majoritariamente masculina) do EZLN a debater e adotar a Lei Revolucionária das Mulheres em 1993.35 Esta lei não foi um presente da liderança; foi uma exigência, uma condição prévia imposta pelas mulheres para sua participação plena na guerra.69
A lei é um documento impressionante que ataca diretamente séculos de opressão machista e “tradições” opressivas. Seus dez artigos são uma declaração de direitos humanos fundamentais 8:

- Artigo 1º: As mulheres, independente de sua raça, credo, cor ou filiação política, têm direito a participar na luta revolucionária no lugar e grau que sua vontade e capacidade determinem.8
- Artigo 2º: As mulheres têm direito a trabalhar e a receber um salário justo.8
- Artigo 3º: As mulheres têm direito de decidir quantos filhos podem ter e cuidar.8 (Num contexto de pobreza rural e machismo, este é um direito radical à autonomia corporal).
- Artigo 4º: As mulheres têm direito a participar nos assuntos da comunidade e ter cargos…
- Artigo 5º: As mulheres… têm direito a ocupar cargos de direção na organização e ter espaços nas forças armadas revolucionárias.8
- Artigo 6º: As mulheres têm direito à educação…
- Artigo 7º: As mulheres têm direito a não ser agredidas fisicamente nem por familiares nem por estranhos. Aqueles que cometerem tais violações serão severamente punidos.61 (Isto inclui a proibição do álcool nas comunidades, que foi uma demanda das mulheres para acabar com a violência doméstica 33).
- Artigo 10º: (E outros): Direitos à saúde, a escolher seu parceiro, etc..8
Essa lei não foi apenas simbólica; ela transformou o movimento de dentro para fora.69 O EZLN tem uma proporção notável e visível de mulheres em suas fileiras militares (insurgentas) e de comando (comandantas).61 Esta lei é tratada como “uma das ferramentas mais importantes para combater a desigualdade de gênero”.77
A prova pública e inesquecível dessa transformação ocorreu em 2001, durante a “Marcha da Cor da Terra”.7 Uma delegação zapatista, composta por 23 comandantes e o Subcomandante Marcos, viajou por todo o México para exigir o cumprimento dos Acordos de San Andrés.7 A marcha culminou num convite sem precedentes para que os zapatistas falassem na tribuna do Congresso Mexicano, na Cidade do México.71
O mundo e a classe política mexicana esperavam ver o Subcomandante Marcos, o homem mestiço e letrado, tomar a palavra.71 Em vez disso, num ato de simbolismo avassalador, quem subiu à tribuna foi a Comandanta Esther, uma mulher indígena Tzotzil, baixa, encapuzada e falando em espanhol como segunda língua.71 Sua presença e seu discurso foram um divisor de águas. Ela disse: “Por isso gerou tanta polêmica… É por isso que queríamos falar lá e alguns não queriam que estivéssemos aqui. E também é um símbolo que seja eu, uma mulher pobre, indígena e zapatista, quem fala primeiro e que minha palavra seja a mensagem central da nossa…”.71 Ela continuou, definindo a autonomia: “Queremos que seja reconhecida a nossa forma de vestir, de falar, de governar, de rezar, de curar, a nossa forma de trabalhar em grupo, de respeitar a terra e de compreender a vida”.71
A lenda de Ixmucané, contada por Marcos em 2023 11, é o reconhecimento, 22 anos depois, de que a Comandanta Esther estava certa. A sabedoria não está nos “deuses fanfarrões” (a liderança centralizada, masculina), mas na assembleia “em comum” 11, no nível da comunidade, onde as mulheres (que gerenciam a saúde, a educação e a vida cotidiana) têm a voz mais forte. A criação dos “milhares de GALs” 50 é a vitória final da Lei Revolucionária das Mulheres.77 É a institucionalização de Ixmucané, transferindo o poder do Caracol (regional) para a comunidade (local), onde a revolução é praticada diariamente.
O Espelho e o Capuz: As Controvérsias e Críticas
O zapatismo não é uma utopia imaculada. Ao longo de 40 anos de luta e 30 anos de vida pública, acumulou críticas e enfrentou controvérsias complexas, tanto de seus inimigos declarados quanto de seus simpatizantes (“zapatófilos”).44 A controvérsia mais duradoura foi a identidade do Subcomandante Marcos.30 Desde cedo, o governo mexicano, numa tentativa de deslegitimar o movimento, o “desmascarou” como Rafael Sebastián Guillén Vicente, um acadêmico mestiço, branco, de classe média, ex-aluno de filosofia da UNAM.10 Para os críticos, isso era a prova da falsidade do movimento: um movimento supostamente indígena sendo, na verdade, liderado por um “líder, um só, que se destaca notavelmente”.30
Os zapatistas e o próprio Marcos transformaram essa crítica em pedagogia política. Marcos sempre insistiu que ele era um “Subcomandante”, ou seja, militarmente e politicamente subordinado ao Comitê Clandestino Revolucionário Indígena (CCRI-CG), o comando geral composto inteiramente por comandantes indígenas maias.2 Sua máscara (o pasamontañas) não era para esconder sua identidade, mas para ser um “espelho” onde os outros pudessem ver seus próprios rostos. Sua “morte” em 2014 foi a aceitação dessa crítica: ele se rebatizou “Galeano” e anunciou que sua função de “botarga” (disfarce ou mascote) havia terminado, passando o comando vocal para o Subcomandante Moisés, um líder indígena Tzeltal.27 Sua “segunda morte” simbólica em 2023, tornando-se Capitão 11, apenas enterra essa controvérsia, forçando o mundo a, finalmente, encarar o coletivo e não o indivíduo.
Outra acusação grave, frequentemente usada pelos detratores e que aparece em fontes diversas 27, é a do uso de crianças-soldado. Fontes, incluindo a Wikipédia em espanhol e português, mencionam “meninos soldados, com idades entre 6 e 15 anos, na guerrilha”.27

Esta crítica, no entanto, é complexa e muitas vezes importa uma definição ocidental de “criança-soldado”, moldada por conflitos em outras regiões onde crianças são recrutadas à força por senhores da guerra 79 (como o caso de Thomas Lubanga no Congo, julgado pelo TPI).79
A realidade zapatista é a de uma comunidade em armas.9 O EZLN é um exército de autodefesa de aldeias inteiras. As crianças não são “recrutadas” à força; elas nascem dentro da resistência, em famílias que são, elas mesmas, a base de apoio ou parte do exército.9 A participação dos jovens (milicianos) é vista como parte de sua educação política, defesa de sua própria família e sobrevivência comunitária contra ataques paramilitares e militares 9, um conceito radicalmente diferente do recrutamento forçado de estranhos.

Finalmente, existem as críticas internas, ou dos “zapatófilos” (simpatizantes).44 O movimento é frequentemente criticado por seu hermetismo e por proibições internas que parecem autoritárias para um movimento libertário, notadamente a proibição estrita de álcool e, mais recentemente, de todas as drogas.33 Críticos de esquerda veem isso como uma postura moralista ou puritana, típica de instituições religiosas.44
A resposta zapatista é, novamente, pragmática e histórica, não moralista. A proibição do álcool (que levou à controversa proibição do pox, uma bebida ritual maia 44) não foi imposta por Marcos; foi uma demanda das próprias mulheres na Lei Revolucionária de 1993.33 Elas identificaram o alcoolismo generalizado como a principal fonte de violência doméstica contra mulheres e crianças e um desperdício de recursos comunitários vitais.33 No contexto atual da “guerra civil” 11, a proibição de drogas é uma medida de segurança existencial. Permitir o cultivo, consumo ou tráfico abriria a porta imediatamente para a infiltração, cooptação e violência dos cartéis 33, que destruiriam a autonomia por dentro. Para o EZLN, a disciplina coletiva não é uma questão de moralidade individual, mas de sobrevivência revolucionária.
Outra crítica veio da esquerda acadêmica, como Jorge Castañeda, que em seu livro Utopia Desarmada (publicado antes do levante) declarou que a era da guerrilha armada na América Latina havia terminado.72 Quando o EZLN surgiu, ele teve que revisar sua tese, argumentando que eles eram, na verdade, “reformistas”, pois seu objetivo não era a tomada do poder do Estado.72 Esta crítica, ironicamente, acertou no diagnóstico, mas errou na conclusão: o EZLN é radical precisamente porque rejeita a tomada do poder, buscando, em vez disso, “algo mais difícil: um mundo novo”.1
Andar na Escuridão, Sem Opções
A série de comunicados de 2023-2024, iniciada com o “Lobo” e a “Ixmucané” , culminava numa frase sóbria: “Por enquanto, precisamos aprender a andar e viver assim na escuridão. Sem opções”. Em 2025, fica claro que esta frase não era uma admissão de derrota. Era a expressão máxima do realismo radical zapatista.
A “escuridão” é a realidade de Chiapas: a “guerra civil” declarada , o cerco dos cartéis , e agora, a guerra coordenada e documentada dos três níveis do governo mexicano contra a nova estratégia de “O Comum”.
A “luz perdida” é a ilusão da política formal. É a crença de que o Estado (seja do PRI, do PAN ou de MORENA) pode ser um interlocutor honesto. A traição de San Andrés e a militarização sob AMLO provaram que essa luz era uma farsa.
Neste cenário, a dissolução das JBG e a criação dos “milhares de GALs” não foi uma “opção” entre muitas. Foi o “Sem opções”. Foi a única resposta possível. A autocrítica de sua própria “pirâmide” lhes permitiu atomizar o poder para sobreviver à “tormenta”. Mas não foi apenas para sobreviver. Foi para construir a alternativa real.
A luz não está perdida. Ela está sendo pacientemente cultivada “em comum”. Em 2025, essa luz tem um novo nome: a “Terra em Comum” e a “Não Propriedade”, uma ontologia que a “pirâmide” tenta, com o Exército e a polícia, sufocar — e que os zapatistas, com milhares de outros de todo o mundo, defendem de baixo para cima.
Referências citadas
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