Zapatistas Denunciam Prisões Arbitrárias e Expõem Contradições do Governo Mexicano
No último dia 26 de abril, José Baldemar Sántiz Sántiz e Andrés Manuel Sántiz Gómez, bases de apoio do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), foram detidos na comunidade de San Pedro Cotzilnam, no município de Aldama, Chiapas. As prisões, realizadas por forças conjuntas do governo federal e estadual, ocorreram sob acusações de sequestro agravado, que o EZLN e organizações de direitos humanos consideram infundadas e parte de uma estratégia de criminalização das comunidades indígenas em resistência .
Em comunicado divulgado em 2 de maio, o EZLN denunciou as detenções como um ataque direto à autonomia e autodeterminação dos povos indígenas, construídas ao longo de décadas de luta. A organização afirma que as prisões representam uma tentativa de desestabilizar as comunidades que buscam alternativas ao modelo estatal vigente .
A Procuradoria Geral do Estado de Chiapas é acusada de fabricar provas e acusar injustamente pessoas inocentes, enquanto os verdadeiros autores de crimes permanecem impunes. Esse padrão de repressão não apenas viola os direitos individuais de Baldemar e Andrés, mas também constitui uma agressão ao território e à autonomia dos povos zapatistas .
Organizações simpatizantes ao EZLN exigiram esclarecimentos sobre as detenções e a libertação imediata dos detidos. Em 5 de maio, manifestantes se reuniram em frente à Secretaria de Governo (Segob) na Cidade do México, pedindo justiça e o fim da repressão contra as comunidades indígenas .
As prisões ocorrem em um momento de contradições na política indígena do governo mexicano. Em dezembro de 2024, a presidenta Claudia Sheinbaum assinou uma reforma constitucional que reconhece os 68 povos indígenas do México como sujeitos de direito público, com personalidade jurídica e bens próprios. A reforma também exige consultas sobre projetos que afetam suas comunidades e declara o México como uma “nação multiétnica” .
No entanto, críticos apontam que essas medidas não têm se traduzido em melhorias concretas nas condições de vida das comunidades indígenas. As reformas são vistas por muitos como simbólicas e insuficientes para enfrentar os desafios estruturais enfrentados pelos povos originários .
A criminalização de lideranças indígenas em luta por autonomia e justiça social levanta questionamentos sobre o compromisso real do Estado mexicano com os direitos dos povos originários. Enquanto o governo promove programas de reconhecimento e apoio às comunidades, casos como a prisão de membros do EZLN evidenciam uma postura repressiva diante de movimentos que desafiam o status quo.
A Caipora se une às vozes que exigem o respeito à autodeterminação dos povos indígenas e a libertação imediata de todas as lideranças injustamente detidas. A luta dos zapatistas é um lembrete de que a verdadeira justiça social requer mais do que reformas simbólicas; exige ações concretas que respeitem e fortaleçam a autonomia dos povos originários.